SANTIFICAÇÃO, MUITO MAIS QUE POSTURA ÉTICA

SANTIFICAÇÃO, MUITO MAIS QUE POSTURA ÉTICA

“Um homem pode gabar-se de um grande melhoramento moral, e, todavia, não ter nenhuma experiência de santificação. A Bíblia não insiste no progresso moral puro e simples, mas no progresso moral em relação com Deus, em atenção a Deus e com vistas ao serviço de Deus: Ela insiste na santificação”.

  SANTIFICAÇÃO, MUITO MAIS QUE POSTURA ÉTICA

 

“Um homem pode gabar-se de um grande melhoramento moral, e, todavia, não ter nenhuma experiência de santificação. A Bíblia não insiste no progresso moral puro e simples, mas no progresso moral em relação com Deus, em atenção a Deus e com vistas ao serviço de Deus: Ela insiste na santificação”. – LOUIS BERKHOFF

A Palavra de Deus fala-nos de um homem perverso e opressor do próprio povo, chamado Zaqueu, cidadão de Jericó, e líder dos publicanos naquela cidade, razão pela qual tornou-se muito rico e também muito odiado pelos judeus (Lc.19:1-10).

Publicanos eram judeus a serviço do governo romano para coletarem impostos dos próprios compatriotas, e essa coleta dava-se de forma pouco cordial.

Para obter maior vantagem, a maioria dos publicanos cobrava quantia suplementar dos judeus. O governo romano estipulava a quantia a ser recolhida anualmente, mas os coletores sobretaxavam os valores, retendo para si o excedente.

Certa feita, Zaqueu encontrou-se com Jesus Cristo. Foi um encontro de vida, que mudou o curso de sua trajetória pecaminosa. Reconheceu que suas atitudes eram de um pecador e tomou a decisão de mudar tudo.

Mais do que adotar uma postura moral, ou propor-se a um ajuste de contas com os compatriotas, ou renunciar ao exercício de uma função que ultrapassava os limites da legalidade, Zaqueu entendeu que precisava ser integralmente separado para o Reino, e a única possibilidade estava diante de si: Jesus Cristo. 

A restituição quadruplicada que Zaqueu propôs aos que lesionara, expressou o resultado do extraordinário encontro que teve com Deus e consigo mesmo, através de Jesus Cristo. 

Zaqueu, como alguém de quem retiram a venda dos olhos, entendeu tudo o que acontecia consigo: o desencontro social, porque era odiado por seu próprio povo; o desencontro moral, pois oprimia ao seu próprio povo; e o desencontro espiritual, pois estava afastado de Deus, mesmo sendo filho de Abraão: seu culto não mais era aceito, suas ofertas eram como fogo estranho – sua vida era como um farrapo.

Zaqueu queria externar a todos a radical mudança que Jesus promovera em sua vida, e que mudou sua essência. 

Há momentos em que, ao atentarmos para o nosso dever, o fazemos apenas no sentido de que cumprimos o que foi estipulado, porque estava na regra, na lei; aquilo que deveria ser por obediência, temor e amor, faz-se unicamente “porquê tem que ser”, porque é moralmente louvável que se faça. 

Quando assim fazemos, tornamo-nos politicamente corretos, mas repreensíveis diante de Deus; é a contradição de se “fazer a coisa certa” e correr o risco de ainda assim ser condenado, porque “a coisa certa” só o é no estereótipo, diante dos homens; na profundidade de um ser sondado pelo Senhor, encontra-se reprovação. 

Alguns irmãos da igreja de Corinto também primavam por uma postura ética perfeita, cumpriam com suas obrigações, mas o apóstolo Paulo os adverte: “ainda que eu entregasse toda a minha fortuna para o sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu próprio corpo para ser queimado vivo, se não tivesse amor, nada me valeria” (1ª Co.13:3). 

Nossa conduta ética, social e moral irrepreensível deve ser produto de um milagre profundo, que mudou a nossa vida por completo, nossa forma de pensar, de agir, nossa ótica, e tudo isso porque Jesus Cristo nos regenerou na cruz do Calvário.

Mesmo as nossas condutas mais saudáveis só devem ocorrer porque houve uma mudança em nosso ser, e não porquê está prescrito. 

Exemplo simples: uma pessoa não suja mais as ruas do seu bairro porque foi transformada por Jesus, não tem dificuldades em cumprir normas legais, não tem problemas com autoridade, e entende que as autoridades foram estabelecidas pelo Senhor – e esse é um princípio de vida adotado em todas as suas relações humanas, e tudo isso para a glória de Deus, porque foi mudado por Jesus. 

Nossas boas ações, nossos gestos mais benéficos só encontram sentido quando entendemos que “toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das Luzes”, é a essência dEle estabelecida em nós, e Ele habita em nós; porque somos vaso de barro, de forma que o vaso por si só não tem qualquer valor, mas o grande valor está no tesouro.

Ao restituir quadruplicadamente, Zaqueu demonstrou que fora regenerado em Jesus, pois entregava algo que aprendera a apreciar em demasia (dinheiro), algo que fazia para si todo sentido e norteava a sua vida.

Pensemos em melhorar, tenhamos boas ações, sejamos altruístas, éticos, mas não percamos a consciência de que tudo o que fazemos e expressamos deve ser para a glória de Deus, para quem são todas as coisas. 

Que as nossas confissões de pecado sejam porquê somos confrontados com a Palavra de Deus; que haja a certeza de que, ao tentar sermos bons por nós mesmos nos frustraremos, porque bom mesmo só o Senhor e que, tentar mudar o mundo tendo como referência maior a nossa própria visão, nos levará a guerras, pois nossos valores são invertidos, deformados, promíscuos, egocêntricos, impuros. 

Mais do que seres morais e éticos, o Senhor nos chama à Santificação, um atributo que vem do próprio Deus e que Ele nos comunica, nos concede, em Jesus. 

Somente como cidadãos com a identidade do Reino, comprometidos com a Palavra de Deus e a consciência de que temos que nos separar dos valores deste mundo social caótico (Rm.12:2), teremos atitudes louváveis e dignas de Filhos de Deus, aos quais o Senhor dirá: “Me convém habitar em você”. 

Habitados pelo Espírito Santo de Deus, santificados em Cristo Jesus, teremos atitudes como as de Zaqueu. Graça de Deus sobre a tua vida, sempre.

 

Pastor Carlos Alberto

PIB Trindade

WordPress PopUp Plugin